Artigos Postado no dia: 20 março, 2025

O exercício da advocacia vem em franca mutação, e a adaptação dos advogados?

Por Marcelo Corrêa da Silva

Não é novidade que o exercício da advocacia atual segue passando por diversas e significativas transformações no decorrer dos últimos tempos. Para tanto poderíamos destacar inúmeras situações dessa nova realidade, mas, apenas buscando pincelar duas das principais tendências e desafios que vêm moldando a prática jurídica de hoje, aponto as seguintes:

a) Inovação/Tecnologia: O ingresso de inúmeras ferramentas digitais, como inteligência artificial (IA), automação de processos e big data (conjunto de dados maior, mais complexo – fontes novas de dados), vem revolucionando a forma como os serviços jurídicos são prestados. Todas estas ferramentas tecnológicas, corretamente utilizadas, permitem que os advogados otimizem métodos, aperfeiçoem a eficiência e ofereçam um atendimento mais ágil e qualificado aos seus clientes.

b) Participação Online: Os advogados vêm construindo uma ‘presença online’ concreta, utilizando sites profissionais e perfis ativos em redes sociais para acrescentar visibilidade na manutenção e atração de novos clientes, bem como com todos os demais agentes do sistema jurídico. O marketing de conteúdo jurídico, como podcasts e blogs, por exemplo, também são ferramentas que visam a firmar posicionamentos.

Obviamente que essas mudanças vêm exigindo que os advogados estejam constantemente se modernizando e prontos para se adaptar a este ambiente jurídico em constante evolução.

Entretanto, a maior reflexão deste texto não é baseada nos fatos e constatações trazidas nos parágrafos anteriores, mas sim em uma realidade de mercado que, para muitos, instiga e surpreende.

O cenário laboral tem apresentado uma realidade inusitada: ‘Em proporções surpreendentes, os advogados mais experientes e com conhecimento consolidado têm compreendido e utilizado as novas necessidades tecnológicas e de inovação do mercado com mais efetividade e desenvoltura do que os advogados jovens recém inseridos ao mesmo’.

Em regra, é senso comum que as ferramentas digitais e a presença on line têm utilização facilitada pelas novas gerações, naturalmente nascidas e criadas já dentro desta realidade. Entretanto, esta naturalidade em sua utilização não é o único fator para determinar uma ‘vantagem geracional’ ligada à prestação de serviço jurídico.

Senão vejamos: de que adianta apenas a naturalidade na utilização da tecnologia para receber e absorver conteúdos se o profissional não tiver capacidade, conhecimento e senso crítico para avaliar a qualidade do conteúdo ou da ferramenta que pretende utilizar?

Pois o que a realidade vem apresentando em uma proporção muito superior do que a esperada é que a fragilidade e/ou má utilização dos mecanismos digitais pelos advogados jovens e recém-formados está diretamente relacionada, primeiramente à natural falta de experiência profissional, somada a precária formação acadêmica (realidade e motivos que não pretendo discutir neste breve conteúdo).

Deste modo o problema não é facilidade ou naturalidade no manuseio das novas tecnologias, mas a qualidade do conteúdo ou da ferramenta que pretende utilizar pois, ao receber e absorver tais conteúdos, o jovem profissional inexperiente e com formação acadêmica frágil não exerce senso crítico necessário para depurá-lo, qualificá-lo e utilizá-lo.

Portanto, entende-se que estes são os motivos nevrálgicos da constatação de que, em proporções surpreendentes, os advogados mais experientes e com conhecimento consolidado, ao abrirem as portas para as inovações tecnológicas, as têm compreendido e utilizado com mais efetividade e desenvoltura do que boa parte dos advogados jovens recém inseridos ao mercado de trabalho.

 

 


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